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O Trabalho no Futuro

  • Foto do escritor: Da Redação com Assessoria
    Da Redação com Assessoria
  • 19 de dez. de 2018
  • 3 min de leitura

Vivemos na era das incertezas. Essa expressã

o

 tornou-se comum nã

o

 porque as incertezas tenham passado a existir só agora, mas porque se multiplicaram exponencialmente nas últimas décadas. Como sabemos, nunca tivemos certeza de nada, exceto da morte. Agora, nem isso. Já se fala em escaneamento da consciência, uma espécie de 
pendrive
 que seria conectado a um andróide e permitiria que vivêssemos e vivêssemos 
long time. 
Ficçã

o

 Científica? Nã

o

. A ficçã

o

 tornou-se 

o

 nome do que ainda nã

o

 foi realizado e nã

o

 mais do fantasioso e do mirabolante. E todas as mudanças mudarã

o

 as pessoas e as coisas em volta delas. Como entender e participar desse mundo? É fato que há 30, 40 anos, quando pensávamos no 

futuro

, apareciam na tela de nossa imaginaçã

o

 nã

o

 mais do que umas seis ou sete possibilidades de 

trabalho

: médico, engenheiro, advogado, militar, funcionário do Banco do Brasil ou de algum cartório, motorista de ônibus ou ajudar 

o

 pai na loja (lembrando que astronauta e arqueólogo eram profissões desejadas em um tempo ainda mais remoto). Agora, 

o

 problema é que, diante da mesma pergunta, sã

o

 dezenas as profissões possíveis, muitas das quais ainda nem têm nome, outras conhecemos de ouvir falar mas nã

o

 sabemos exatamente quais habilidades seriam necessárias para exercê-las: energias renováveis, inteligência artificial, manipulaçã

o

 genética, robótica, internet das coisas, etc. e tal. Jovens miram perplexos 

o

 horizonte dos próximos anos e se perguntam: vai ter lugar para mim? Tudo vai sendo virado de cabeça para baixo e as tradições que ancoraram tantas práticas sociais, conceitos e valores do mundo do 

trabalho

, rapidamente vã

o

 se tornando obsoletas. Isso gera um desconforto, quando nã

o

um sentimento de revolta. Mas a saída continua a ser uma só: buscar entender as mudanças em vez de maldizê-las. Quanto maior a compreensã

o

 do que está acontecendo, maiores as chances de assumir um protagonismo nesses novos tempos. E entã

o

o

 que está acontecendo? Como um jovem de hoje pode ter chance de uma boa colocaçã

o

 profissional no mundo de amanhã? Em primeiro lugar, compreendendo que precisa aprender 

o

 tempo todo e precisa se comunicar com todo mundo. Ou seja: a ideia de “estar formado” em algo, de “ter feito seus estudos” em tal lugar, de “ter terminado a escola” em tal ano, nã

o

 tem mais nenhum 

futuro

. Viver é aprender permanentemente e da maneira mais heurística possível. Heurística? É, trata-se do aprendizado que leva ao aprendizado, do questionamento constante e do uso intensivo da imaginaçã

o

, da criatividade, do pensamento disruptivo. Disruptivo? Sim, refere-se ao pensamento que rompe com 

o

 padrã

o

 da normalidade, que rastreia novos paradigmas, que está sempre atento para outras maneiras de associaçã

o

, composiçã

o

, reorganizaçã

o

 dos fatos e dos saberes. Além de aprender 

o

 tempo todo, é preciso também poder se comunicar com todo mundo. Daí a importância de dominar as linguagens: línguas estrangeiras, linguagem da programaçã

o

, mas também a linguagem social do 
network
, a linguagem emocional das negociações, a linguagem afetiva das parcerias. Em resumo: conectividade e capacidade de traduçã

o

, esses sã

o

 os dois pilares do 

trabalho

 no 

futuro

. A escola, em algum momento, vai precisar contribuir para essa reconstituiçã

o

 de saberes, rompendo com a ideia de que há coisas que precisam ser aprendidas porque sã

o

 coisas importantes. Nã

o

 é assim que funciona. Tudo 

o

 que precisa ser aprendido nã

o

 é importante por si, mas porque tem um papel no processo de transformaçã

o

 constante do mundo. A linguagem matemática é fundamental, assim como a compreensã

o

histórica ou 

o

 conhecimento dos seres vivos, mas apenas na medida em que estã

o

 inseridos no contexto da descoberta, que é 

o

 lugar da problematizaçã

o

; da justificaçã

o

, que é onde se analisam os dados e apresentam-se as conclusões; e da aplicaçã

o

, quando esses conhecimentos agem como ferramentas de transformaçã

o

 da realidade. Assim, pensar uma escola a partir de
 cases
, de questionamentos, de problematizações, associando diversas disciplinas com diferentes mentes de diversas idades, estimulando a formulaçã

o

 de hipóteses, sendo rigoroso na apresentaçã

o

 e verificaçã

o

 dos dados, premiando 

o

 esforç

o

, a criatividade e 

o

 espírito de equipe - sã

o

 os passos para colocar a escola no lugar de relevância para as exigências desse tempo que é 

o

 de olhar 

o

horizonte e nã

o

 enxergar 

o

 que há, mas imaginar 

o

 que haverá lá. Um tempo cujo 

futuro

 será uma invençã

o

 do presente.
*Daniel Medeiros é Mestre e doutor em Educaçã
o
 Histórica pela UFPR. É professor no Curso Positivo.
 
 
 

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