Cuidados com idosos no calor: verão aumenta riscos de saúde
- Editor Paranashop
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Desidratação, tontura, confusão mental e até AVC estão entre os riscos do verão para idosos. Cuidador pode evitar emergências e salvar vidas.

As altas temperaturas, que vêm batendo recordes em boa parte do Brasil nos últimos dois anos, representam um desafio real para a saúde dos idosos. Nessa faixa etária, o corpo perde a capacidade de regular bem a temperatura e a sensação de sede diminui, o que torna o risco de desidratação, desmaios, quedas e até AVC muito maior.
Segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), idosos estão entre os mais vulneráveis aos efeitos do calor extremo. A desidratação, comum nessa fase da vida, pode espessar o sangue e comprometer o funcionamento do coração e do cérebro.
“As medidas termorreguladoras do corpo ficam mais prejudicadas com o envelhecimento. O idoso tem uma pele mais fina, sua menos e tem mais dificuldade de dissipar o calor. Além disso, com o envelhecimento, o mecanismo da sede também se altera. O idoso muitas vezes não sente vontade de beber água, mesmo precisando. Isso aumenta muito o risco de desidratação e de complicações cardiovasculares”, explica a médica geriatra Mariana Malagutti, do Hospital Sugisawa, em Curitiba.
Desidratação e confusão mental: os primeiros sinais
Sempre que há uma onda de calor, o número de idosos atendidos em UPAs e hospitais por mal-estar, tontura, pressão baixa e confusão mental cresce em todo o país. Médicos alertam que, mesmo dentro de casa, o idoso pode entrar em um quadro de desidratação sem perceber.
De acordo com a geriatra, é fundamental observar os sinais precoces. “O corpo do idoso perde líquido mais rápido e demora mais para se recuperar. Ele pode ficar fraco, sonolento, confuso, com os lábios secos e até com náuseas. Esses são sinais claros de desidratação e exigem atenção imediata. Em casos mais graves, o idoso deve ser levado ao pronto-atendimento”, alerta a Dra. Mariana.
O calor intenso também agrava doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e aumenta a chance de quedas e desmaios devido às variações bruscas de pressão arterial. “Idosos que usam diuréticos, por exemplo, são ainda mais vulneráveis, porque perdem mais líquido e podem descompensar mais rapidamente”, reforça a médica.
Ambientes inseguros e descuidos comuns
O perigo não está só na exposição ao sol. Em casa, o calor acumulado em cômodos pouco ventilados pode elevar a temperatura corporal do idoso para níveis perigosos. Ventiladores desligados, cortinas fechadas (o que é um hábito comum entre idosos) e roupas inadequadas são fatores que agravam o problema.
Além disso, a alimentação no verão requer atenção especial: comidas esquecidas fora da geladeira se deterioram mais rapidamente, aumentando o risco de intoxicação alimentar e internações. “São detalhes que parecem simples, mas fazem toda a diferença. Um cuidador percebe quando o idoso começa a suar demais, se queixar de tontura ou ficar confuso e age antes que a situação vire uma emergência”, explica Bruno Butenas, fundador da Geração de Saúde Cuidadores de Idosos.
O papel do cuidador de idosos no verão
O cuidador de idosos é fundamental para atravessar os meses mais quentes do ano com segurança. Ele garante que o paciente beba água com frequência, mesmo sem sede, e pode tornar o ato mais agradável, oferecendo sucos naturais, água de coco, águas saborizadas ou frutas ricas em líquido.
Além da hidratação, o cuidador supervisiona ambientes ventilados e roupas leves, evita exposição ao sol entre 10h e 16h, zela pelo uso de filtro solar e roupas térmicas e mantém atenção constante a sinais de mal-estar, medindo os sinais vitais (como pressão arterial, saturação e checando a respiração) algumas vezes ao longo do dia. São atividades que a família nem sempre consegue realizar com dedicação exclusiva, pois também precisa dar conta das suas atividades do dia a dia. Ou então, nem sempre a família sabe exatamente interpretar os sinais vitais. Já um cuidador de idosos é treinado para isso.
“É uma vigilância que exige sensibilidade, conhecimento e paciência. O cuidador sabe o limite do idoso e sabe quando algo não está bem”, afirma Bruno, que dá treinamento a todos os cuidadores que iniciam o trabalho na Geração de Saúde, incluindo módulos sobre indicadores de saúde e primeiros socorros.
A presença do cuidador também é fundamental para evitar quedas, comuns em dias de calor, quando a pressão baixa e o idoso pode sentir tontura e fraqueza. O profissional auxilia nas locomoções, garante que o idoso se alimente bem e que as medicações sejam tomadas nos horários certos.
Prevenção e cuidado durante as férias
Durante as festas de fim de ano e férias de verão, muitos idosos ficam sozinhos em casa enquanto a família viaja. Esse isolamento, somado ao calor intenso, pode ser muito perigoso. Por isso, cresce a busca por cuidadores temporários, que ficam responsáveis por zelar pela saúde e bem-estar do idoso durante o período de ausência da família.
Há também famílias que viajam e levam o cuidador junto, para que todos consigam tirar férias tranquilas, cada um no seu ritmo. “Todos possuem diversos compromissos durante o ano e merecem o descanso nas férias. Ter um idoso junto requer que a família esteja sempre em estado de alerta, verificando se ele está se alimentando, hidratando, ou preocupada com o horário dos remédios. A família ‘não desliga’. Por isso, a presença de um cuidador, em casa ou junto na viagem, garante segurança, tranquilidade e o descanso que todos merecem”, explica o fundador da Geração de Saúde.
A médica Mariana Malagutti ainda indica que, com a chegada do verão ou na iminência de uma viagem em família, que o idoso seja levado a uma consulta com geriatra. Pode ser importante checar a dosagem dos medicamentos, ver se algo precisa ser ajustado por causa do calor (ou talvez por causa do frio, se for opção da família uma viagem internacional a um lugar frio nessa época). Neste caso, é preciso orientação médica para cuidar com as mudanças bruscas de temperatura.