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O acordo Mercosul-União Europeia e a importância dos negócios internacionais

  • Foto do escritor: Da Redação com Assessoria
    Da Redação com Assessoria
  • 4 de dez. de 2018
  • 3 min de leitura

O

 comércio internacional é um forte motor do crescimento econômico e da geraçã

o

 de empregos. Nações outrora economicamente estagnadas, como China, Índia e alguns países do Leste Europeu, perceberam no comércio exterior um mecanismo de aceleraçã

o

 econômica. Nos Estados Unidos, cada US$ 1 bilhã

o

 de crescimento das exportações gera mais de 20 mil empregos. Como apontou Tamer Cavusgil, graças ao comércio internacional “

o

 rápido crescimento econômico dos países emergentes está estimulando sólidas conquistas nos padrões de vida. A crescente prosperidade acarreta melhorias nos índices de alfabetizaçã

o

, nutriçã

o

 e saúde.” Por isso vale tanto à pena dedicar-se aos negócios internacionais. Nessa área, cada país, possui vantagens competitivas na produçã

o

 de certos itens. Enquanto a China – graças a sua larga mã

o

 de obra – se destaca na produçã

o

 de manufaturados, 

o

 Brasil, por seu tamanho continental e sua variedade climática, é bastante competitivo no campo: de soja a açúcar, passando por proteínas animais. Assim, possuímos uma clara vantagem na exportaçã

o

 de commodities, 

o

 que se percebe com facilidade ao olhar a balança comercial. A força do agronegócio brasileiro há muito tempo assusta os europeus. 

O

 açúcar brasileiro sofre restrições quantitativas para entrar na Uniã

o

 Europeia, além da alíquota de cerca de 93 euros por tonelada. Cotas sã

o

aplicadas também à carne bovina, ao etanol e a outros produtos, visando proteger os pequenos agricultores. Automóveis fabricados no 

Mercosul

 – obviamente nã

o

 sã

o

 commodities – mas pagam uma tarifa de cerca de 35% para entrar naquele continente. Esses fatores, em conjunto, travam a assinatura final de um 

acordo

 de livre comércio entre 

o

Mercosul

 e a Uniã

o

 Europeia, que vem sendo negociado há quase 20 anos. Os europeus querem proteger seus pequenos agricultores, obviamente ameaçados pela escala e eficiência produtiva brasileira no setor agrícola. Os países membro do 

Mercosul

, em especial 

o

 Brasil, esperam manter a quebra de patente de medicamentos e conseguir vender um número maior de produtos na Europa. Todas essas divergências de posiçã

o

 levam em conta os fatores internos de ambos os blocos, sendo absolutamente naturais. É dever dos governos estimular seus setores produtivos, em especial aqueles mais vantajosos e rentáveis. Ao mesmo tempo, os países tentam proteger, de alguma forma, as áreas consideradas mais vulneráveis. Ainda assim, também é necessário ampliar os mercados para os nossos produtos, 

o

 que ocorreria através do 

acordo

. Outro complicador notável sã

o

 as incertezas econômicas e políticas no Brasil e na Argentina. Os argentinos sofreram neste ano uma intensa desvalorizaçã

o

 de sua moeda e pediram recursos ao FMI. 

O

 Brasil também viu 

o

 real se desvalorizar, e ainda que a economia tenha dado alguns sinais de melhora, 

o

 nível de desemprego permanece alto e há muito 

o

 que fazer. Somada à questã

o

 econômica de nosso país, a incerteza da corrida eleitoral preocupa investidores externos e internos: a possibilidade da eleiçã

o

 de um candidato ou candidata nã

o

 comprometido com as reformas da previdência e do setor tributário pode elevar 

o

 risco do país e afetar largamente as contas públicas, travando ainda mais 

o

 crescimento. Nesse cenário, 

o

acordo

 comercial que poderia facilitar a inserçã

o

 dos produtos brasileiros no continente europeu, se arrasta vagarosamente. Uma vez que a internacionalizaçã

o

 de nossas empresas é facilitada, a produçã

o

o

 emprego e a industrializaçã

o

 aumenta. Tradicionalmente, empresas que atuam nos mercados externos sã

o

 menos suscetíveis a crises econômicas, e por muitas vezes confrontarem-se com mercados mais exigentes, aumentam a qualidade de seus produtos e serviços. A internacionalizaçã

o

 permite também maiores economias de escala, acesso mais fácil a recursos e impacta diretamente na balança comercial do país. No que tange ao 

acordo

Mercosul

-EU, 

o

 Brasil tem sido mais cauteloso ao efetuar concessões do que a Argentina, Uruguai e 

o

 Paraguai, 

o

 que reduz as esperanças de que 

o

 dito tratado seja concluído nesse ano. Seja como for, com ou sem tratado, há outra forma de estimular as exportações: desburocratizando 

o

 comércio exterior, que sofre hoje com mais de 3.600 normas diferentes, aumentando a eficiência aduaneira para envio e recebimento de mercadorias; e buscando melhorar nossas relações comerciais com a China e com os países da Aliança do Pacífico. Talvez seja esse um dos papéis do próximo ou da próxima mandatária da naçã

o

: aumentar a inserçã

o

 dos produtos e das empresas brasileiras nos mercados mundiais. Se isso acontecesse, certamente teríamos um país mais próspero.  
*Joã
o
 Alfredo Lopes Nyegray, doutorando em Estratégia, é mestre em Internacionalizaçã
o
, advogado e bacharel em Relações Internacionais. É professor dos cursos de Relações Internacionais, Comércio Exterior, Administraçã
o
 e Economia da Universidade Positivo (UP).
 
 
 

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