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Filosofar é aprender a morrer para saber viver

  • Foto do escritor: Da Redação com Assessoria
    Da Redação com Assessoria
  • 31 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

A reflexão sobre a morte não é tarefa das mais simples, muitas vezes evitada por causa dos pensamentos e sentimentos que suscita. Saber que vai morrer escancara para o ser humano a consciência de sua finitude. Para alguns, isso é motivo de reflexão, para outros, de temor e desespero. A dificuldade de abordar o tema – no cotidiano, na Ciência, Filosofia e até mesmo na Teologia – se dá porque a morte pode ser pensada e observada, mas não experimentada por meio de repetição. E a experiência, desde Aristóteles, é considerada fundamental para produção de conhecimento. Contudo, o ato de refletir sobre a morte pode ser visto como uma das maneiras mais singulares de praticar a Filosofia, definida por Sócrates como “preparação para a morte”. Já o pensador alemão Arthur Schopenhauer considera a morte como “musa da Filosofia”. Ou seja, filosofar é aprender a morrer. Alguns filósofos, como o grego Epicuro, ensinam a não temer a morte. A lógica é simples: quando a morte se faz presente, o ser humano já não é, assim não há motivo para temê-la. Ele vê a morte como um processo natural que não pode ser evitado – um conjunto de átomos em movimento que se separam para posteriormente formarem novos seres. Outros filósofos provocam reflexão. Martin Heidegger entende que o ser humano é um “ser para a morte”. Michel de Montaigne considera que “meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade”. A morte não faz parte da vida, posto que decreta o seu fim. Mesmo assim, provoca reflexões e comportamentos que interferem na nossa maneira de viver. Viver com medo da morte ou viver sem temê-la, ainda que consciente de sua inevitabilidade? No Cristianismo, a morte é vista como o último inimigo a ser destruído (1 Cor 15:26). O cerne da religião cristã é o Ministério Pascal de Cristo, cujo ápice é a ressurreição. Tomás de Aquino explica a morte humana como consequência do mal moral, ou seja, do pecado original. Corrompido o corpo, a alma humana não se corrompe, pois, como substância intelectual, é incorruptível. Atualmente, vivemos em um mundo com grande presença do efêmero e valorização excessiva da aparência – o que pode ser interpretado como manifestação de um vazio existencial. A reflexão sobre a morte, portanto, pode colaborar com uma consciência diferenciada da vida e do significado de estarmos no mundo. Autor: Prof. Dr. Luís Fernando Lopes, filósofo, teólogo e coordenador do curso de licenciatura em Filosofia do Centro Universitário Internacional Uninter.

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