top of page

Desarmar os corações

  • Foto do escritor: Da Redação com Assessoria
    Da Redação com Assessoria
  • 3 de ago de 2021
  • 4 min de leitura

Paiva Netto

Relendo o meu livro 

Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade — O Poder do Cristo em nós

, lançado em 8 de novembro de 2014, achei alguns modestos apontamentos, os quais gostaria de apresentar a vocês, que me honram com a leitura. Por infelicidade, os povos ainda não regularam suas lentes para enxergar que a verdadeira harmonia nasce no íntimo 

esclarecido

 de cada criatura, pelo 

conhecimento espiritual

, pela generosidade e pela justiça. Consoante costumo afirmar e, outras vezes, comentarei, eles

geram fartura

. A tranquilidade que o Pai-Mãe Celeste tem a oferecer — visto, de lado a lado, com equilíbrio e reconhecido como inspirador da Fraternidade Ecumênica — em nada se assemelha às frustradas tratativas e acordos ineficientes ao longo da nossa História. O engenheiro e abolicionista brasileiro 

André Rebouças

 (1838-1898) traduziu em metáfora a inércia das perspectivas exclusivamente humanas: 

“A paz armada está para a guerra como as moléstias crônicas para as moléstias agudas; como uma febre renitente para um tifo. Todas essas moléstias aniquilam e matam as nações; é só uma questão de tempo”

. Ora, vivenciar 

a Paz desarmada, a partir da fraternal instrução de todas as nações

, é medida inadiável para a sobrevivência dos povos. Mas, para isso, é preciso, 

primeiro, desarmar os corações

, conservando o bom senso, conforme enfatizei à compacta massa de jovens de todas as idades que me ouviam em Jundiaí/SP, Brasil, em setembro de 1983 e publiquei na 

Folha de S.Paulo

, de 30 de novembro de 1986. Até porque, como pude dizer àquela altura, o 

perigo real

 não está unicamente nos armamentos, mas também nos cérebros que criam as armas; e que engendram condições, locais e mundiais, para que sejam usadas, os dedos que apertam os botões e pressionam os gatilhos. Armas sozinhas nada fazem nem surgem por “geração espontânea”. No entanto, são perigosas mesmo que armazenadas em paióis. Podem explodir e enferrujam, poluindo o ambiente. Elas são 

efeito

 da 

causa

 ser humano quando afastado de Deus, a 

Causa Causarum

, que é Amor (Primeira Epístola de 

João

, 4:16). Nós é que, se distantes do Bem, somos as verdadeiras bombas atômicas, as armas bacteriológicas, químicas, os canhões, os fuzis, enquanto descumpridores ou descumpridoras das ordens de Fraternidade, de Solidariedade, de Generosidade e de Justiça 

do Cristo, que é o Senhor Todo-Poderoso deste orbe

. No dia em que o indivíduo, reeducado sabiamente, não tiver mais ódio bastante para disparar artefatos mortíferos, mentais e físicos, estes perderão todo o seu terrível significado, toda a sua má razão de “existir”. E não mais serão construídos.

É necessário desativar os explosivos, cessar os rancores, que insistem em habitar os corações humanos.

 Eis a grande mensagem da Religião do Terceiro Milênio, que se inspira no Cristo, o Príncipe da Paz: 

desarmar, com uma força maior que o ódio, a ira que dispara as armas. Trata-se de um trabalho de educação de largo espectro; mais que isso, de reeducação. E essa energia poderosa é o Amor Fraterno

 — não o ainda incipiente amor dos homens —,  

mas o Amor de Deus

, de que todos nós nos precisamos alimentar. Temos, nas nossas mãos, a mais potente ferramenta do mundo. Essa, sim, é que vai evitar os diferentes tipos de guerra, que, de início, nascem na Alma, quando enferma, do ser vivente. As pessoas discutem o problema da violência no rádio, na televisão, na imprensa ou na internet e ficam cada vez mais perplexas por não descobrir 

a solução

 para erradicá-la, apesar de tantas e brilhantes teses. Em geral, procuram-na longe e por caminhos intrincados. Ela, porém, não se encontra distante; está pertinho, 

dentro de nós: Deus!
“(...) o Reino de Deus está dentro de vós” 

Jesus (

Lucas

, 17:21)

.

E devemos sempre repetir que 

“Deus é Amor!” 

(Primeira Epístola de João, 4:8). Não o amor banalizado, mas a Força que move os Universos. Lamentavelmente, a maioria esmagadora dos chamados poderosos da Terra ainda não acredita bem nesse fato e tenta em vão desqualificá-lo. São os pretensos donos da verdade... Entretanto, 

“o próximo e último Armagedom mudará a mentalidade das nações e dos seus governantes”

, afiançava

Alziro Zarur

(1914-1979). E eu peço licença a ele para acrescentar: governantes

sobreviventes

. Conforme anunciado no austero capítulo 16, versículo 16, do Livro da Revelação, o Apocalipse, 

“Então, os ajuntaram num lugar que em hebraico se chama Armagedom”

. (

Armagedom

, local onde reis, príncipes e governantes são agrupados para a batalha decisiva.)

Sobrepujar os obstáculos

Zarur dizia, 

“na verdade, quem ama a Deus ama ao próximo, seja qual for sua religião, ou irreligião”

. E um bom diálogo é básico para o exercício da Democracia, que é o regime da responsabilidade. Ao encerrar este despretensioso artigo, recorro a um argumento que apresentei, durante palestras sobre o Apocalipse de Jesus para os Simples de Coração, apropriado igualmente aos que porventura pensem que a construção responsável da Paz seja uma impossibilidade: Isso é utopia? Ué?! Tudo o que hoje é visto como progresso foi considerado delirante num passado nem tão remoto assim. Muito mais se investisse em educação, instrução, cultura e alimentação, iluminadas pela Espiritualidade Superior, melhor saúde teriam os povos, portanto, maior qualificação espiritual, moral, mental e física, para a vida e o trabalho, e menores seriam os gastos com segurança. 

“Ah! é esforço para muitos anos?!”

 Por isso, não percamos tempo! Senão, as conquistas civilizatórias no mundo, que ameaçam ruir, poderão dar passagem ao contágio da desilusão que atingirá toda a Terra. Não podemos permitir tal conjuntura.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

Comments


bottom of page