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Ayn Rand: grande e polêmica

  • Foto do escritor: Da Redação com Assessoria
    Da Redação com Assessoria
  • 15 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno 

e

 por influência, mais que pelo trabalho, 

e

 que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, eles é que estão protegidos de nós; quando perceber que a corrupção é recompensada, 

e

a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem teor de errar, que sua sociedade está condenada". O trecho acima foi escrito pela filósofa 

Ayn

Rand

, que nasceu em 1905 na Rússia 

e

 emigrou para os Estados Unidos em 1926, onde viveu até sua morte em 1982. Ela pôde ver 

e

 viver o terror da revolução comunista de 1917, mas, ao emigrar com apenas 21 anos, ela poupou-se de sofrer consequências mais severas do regime sanguinário soviético. Dotada de inteligência superior 

e

 enorme capacidade de esforço 

e

 trabalho, 

Ayn

 tornou-se romancista 

e

 roteirista de cinema, mas foi como filósofa que ela desenvolveu arguta capacidade de observação da realidade política 

e

 social.

Ayn

Rand

 era inconformada com o comportamento dos que agem movidos por fanatismo político, dogmas religiosos ou paixões desmedidas 

e

, por isso mesmo, cegos à realidade dos fatos. Para ela, as crenças 

e

 os atos das pessoas dominadas por paixões levam-nas a não ceder à realidade provada, à razão 

e

 ao conhecimento. 

E

 mais: essas pessoas não conseguem colocar suas crenças 

e

 opiniões em dúvida, logo não se beneficiam da melhor fonte do saber: a razão, mas sobretudo a razão enriquecida pelo estudo 

e

 pelo conhecimento. Em suas falas, 

Ayn

 pregava que todo homem deve fazer um esforço para buscar conhecimento 

e

 tomar suas decisões à luz da razão 

e

 dos fatos; que todos devem ter o direito de viver 

e

 buscar seu bem-estar por amor a si próprio, sem serem obrigados a sacrificar-se pelos outros, respeitando nos outros o mesmo direito. 

E

 a filósofa dizia ainda que ninguém tem o direito de usar força física para tomar dos outros o que lhes é valioso ou de impor suas ideias sobre seus semelhantes. Nessa linha de raciocínio, 

Ayn

Rand

 abominava o poder concedido ao Estado 

e

 aos políticos para oprimir o indivíduo, confiscar deste a propriedade pela tributação ou tentar dirigir sua vida. Ela era adepta da imposição de severa limitação dos poderes do governo 

e

 dos governantes, 

e

 defendia uma ordem nacional a favor do estado de direito, direito de propriedade, garantia dos contratos juridicamente perfeitos, liberdade de iniciativa 

e

um governo que se restringisse a fazer aquilo que é coletivo 

e

 indivisível (como defesa nacional, segurança pública interna 

e

 administração da justiça).

Ayn

Rand

 sofreu muitas críticas devido à interpretação errada a suas ideias a respeito do egoísmo, como explicado em seu livro
 A Virtude do Egoísmo
. Para ela, egoísta é aquela pessoa que se esforça ao máximo para cuidar de si 

e

 atender seus interesses próprios. A palavra “egoísta” entendida por ela não era o conceito que se tem hoje, como sendo a indiferença diante da dor, do sofrimento 

e

 da miséria dos outros. 

Ayn

 pregava um egoísmo sob a lei 

e

 a moral, que manda ajudar 

e

 socorrer os deficientes, os doentes 

e

 os indefesos. Ela pregava que agindo conforme a lei 

e

 a moral, o homem que atende seus próprios interesses estará contribuindo com a sociedade, porquanto libera os outros, inclusive o governo, de cuidarem dele. 

E

 quantos mais membros da sociedade conseguirem lograr sucesso na tarefa de cuidar de si, menor será a miséria, o que libera o governo para, por meio dos tributos, cuidar dos deficientes, doentes, loucos 

e

 incapazes. Ao ter que atender pessoas com plena capacidade física 

e

 mental, que em outras circunstâncias estariam cuidando de si mesmas, o governo acaba não protegendo aqueles que realmente dele dependem. A leitura de 

Ayn

Rand

 é um desafio 

e

 uma rica fonte de aprendizado 

e

 de conhecimento. Em seu jeito peculiar de conceber a sociedade, ela era mais humana 

e

 mais altruísta que milhares defensores dos inválidos 

e

 dos miseráveis, muitos dos quais usam um falso amor ao próximo para enriquecer seus bolsos 

e

 impor seu poder sobre os outros.  

*José Pio Martins é economista e reitor da Universidade Positivo.

 
 
 

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