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A força da Oração

  • Foto do escritor: Da Redação com Assessoria
    Da Redação com Assessoria
  • 4 de nov. de 2022
  • 4 min de leitura

Paiva Netto

Constantemente me chegam cartas, bilhetes, recados daqueles que enfrentam grandes padecimentos. São mães cujos filhos morreram, pais lutando para afastar seres queridos do vício, jovens à procura de um rumo certo, gente fragilizada por um mal incurável, velhinhos abandonados por quem lhes deveria proteger a existência. E igualmente há o problema da “solidão acompanhada”. Talvez seja um dos fatores pelos quais as pessoas hoje se exponham tanto, como a dizer, apesar de toda a proclamação de sucesso que se lhes fazem:

“Ei, estou aqui! Também tenho coração!”

Uma senhora, a quem chamarei de Dona

Rosalina

, é uma dessas criaturas sofridas que anseiam, pelo menos, por uma palavra de conforto. Não vou entrar na particularidade do seu caso. Mas posso revelar uma pequena sugestão que lhe fiz e que, segundo me relata, lhe tem servido de apoio. Vali-me de minha própria experiência. Nas horas de dificuldade, quando parece que não há saídas para certas questões, recorro à oração e ganho forças para o trabalho. E não me tenho arrependido, ao concordar com o lema do venerável São

Bento

(480-547):

“Ora et labora”

. Passei-lhe então uma prece que, pela primeira vez, ouvi do saudoso mineiro de Santos Dumont,

Geraldo de Aquino

(1912-1984). Espero que sirva a quem me honra com a atenção, se, na liça diária, estiver atravessando provações que, às vezes, não pode revelar ao maior amigo ou à mais sincera confidente. Ninguém, religioso ou ateu, se encontra livre disso.

A Caridade

não é cativa da restritíssima acepção a que alguns a querem condenar. Defendo, há décadas, que se trata da

mais elevada Política

, porquanto constitui ferramenta imprescindível para ajustar os mecanismos de uma sociedade ainda hoje regida pelo individualismo oportunista.

Ilumina o Espírito do cidadão. Ela inflama a coragem

da gente. Por que perder a Esperança?

A primeira vítima do desespero é o desesperado.

Vamos, então, elevar o pensamento a Deus. De autoria do Espírito

Cáritas

, a súplica foi psicografada na noite de Natal de 1873, por madame

W. Krell

, em Bordeaux, França, e publicada em

Rayonnements de la Vie Spirituelle

.

Prece de Cáritas
“Deus, nosso Pai,/ que sois todo Poder e Bondade,/ dai força àqueles que passam pela provação,/ dai luz àqueles que procuram a Verdade,/ ponde no coração do homem a Compaixão e a Caridade./ Deus!/ Dai ao viajor a estrela-guia,/ ao aflito, a consolação, ao doente, o repouso./ Induzi o culpado ao arrependimento./ Dai ao Espírito a Verdade,/ à criança, o guia,/ ao órfão, o pai./ Senhor! Que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que criastes./ Piedade, Senhor,/ para aqueles que não Vos conhecem,/ esperança para aqueles que sofrem./ Que a Vossa Bondade permita/ aos Espíritos consoladores/ derramarem por toda a parte a Paz,/ a Esperança, a Fé!/ Ó Deus!/ Um raio, uma centelha do Vosso Amor/ pode iluminar a Terra,/ deixai-nos beber nas fontes/ dessa Bondade fecunda e infinita./ E todas as lágrimas secarão,/ todas as dores se acalmarão./ Um só coração, um só pensamento/ subirá até Vós,/ como um grito de reconhecimento e de Amor./ Como Moisés sobre a montanha,/ nós Vos esperamos com os braços abertos,/ Ó Bondade,/ Ó Beleza,/ Ó Perfeição. Nós queremos, de alguma sorte,/ merecer a Vossa misericórdia./ Deus!/ Dai-nos força,/ ajudai o nosso progresso/ a fim de subirmos até Vós;/ dai-nos a Caridade pura e a humildade;/ dai-nos a fé e a razão;/ dai-nos a simplicidade,/ Pai,/ que fará de nossas Almas/ o espelho onde se refletirá/ a Vossa Divina Imagem.”

Costumo dizer que

orar é viver a Lei de Deus a todo momento

, porque fala ao

coração

, e este é

a porta de Deus em nós

.

Com a palavra, um Nobel de Medicina e Fisiologia

O dr.

Alexis Carrel

(1873-1944), Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia (1912), famoso autor de

O homem, esse desconhecido

, escreveu a respeito do assunto que alenta as Almas:

“A oração é (...) a forma de energia mais poderosa que o homem é capaz de gerar. Trata-se de uma força tão real como a gravidade terrestre. Na minha qualidade de médico, tenho visto enfermos que, depois de tentarem, sem resultado, os outros meios terapêuticos, conseguiram libertar-se da melancolia e da doença, pelo sereno esforço da Prece. É esta, pois, no mundo, a única força que parece capaz de superar as chamadas ‘leis da Natureza’. Há muitas pessoas que se limitam a ver na Prece (...) um refúgio para os tímidos, ou mero apelo infantil movido pelo desejo de coisas materiais. Concebê-la, entretanto, nesses termos, é menosprezá-la erroneamente. (...) ‘Ninguém jamais rezou’, disse
Emerson
(1803-1882), ‘sem que houvesse aprendido alguma coisa’. (...) O mais profundo manancial de energia e perfeição, que se acha ao nosso alcance, tem sido miseravelmente abandonado. (...) Se a força da Prece for posta em ação na vida de homens e mulheres; se o Espírito proclamar os seus desígnios claramente, invictamente, haverá então confiança de que não sejam em vão os nossos anseios por um mundo melhor”

. Vejam que não se trata da opinião de nenhum “místico delirante”, porém, de um respeitado homem de ciência. Todo aquele que sofre, da choupana ao palácio, com certeza já teve o ensejo de comprovar essa realidade. Independência da dor só se consegue com o coração forte. Não é mesmo, Dona Rosalina?

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

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